O Café

A escolha do café como um investimento rentável e bem-sucedido também tive uma longa maturação. Analisamos o cação, a seringa, a produção de flores ornamentais, o dendê… entre vários e chegamos à conclusão que o café seria o mais adequado às nossas necessidades:

  • Clima favorável: com 1800-2400 mm de chuva anuais, relativamente bem esparsas ao longo do ano, indica um ambiente favorável a certas espécies de café, principalmente conilon
  • Topografia adequada: com as encostas das primeiras colinhas do plateau continental voltadas para o leste, pendencias suaves e terreno fértil, revelou–se como um ambiente adequado a essa lavoura
  • Experiência positiva perto: no litoral sul da Costa do dendê, nos arredores de Valença, a 20 Km da fazenda Peralba, o café é cultivado extensivamente por centenas de anos
  • Mao de obra: com a proximidade de outras lavouras do gênero, seria fácil achar mão-de-obra com experiência adequadas
  • Retornos acetáveis: uma boa fazenda de café produz 25 a 40 sacas de café verde por ano; se atingirmos as mesmas metas, um retorno de 30% se demonstrou viável e atraente.
  • Mercado comprador: as quatro torrefações que operam na área de Santo Antônio nos asseguraram que comprariam toda a nossa produção com facilidade a preço ‘normais’ de mercado
  • Disponibilidade de financiamento: o banco de desenvolvimento na Bahia teria facilidades em financiar um investimento dessa natureza

Assim em 2008 entramos na produção de café.

Primeiro tivemos que decidir exatamente onde plantar. A fazenda é relativamente grande e os lugares adequados inúmeros. Finalmente decidimos que seria perto da casa sede e longe da plantação de limões, para não interferir com eventuais contaminações de pesticidas ou produtos levados pelo vento. Para assegurar que as nossas decisões fossem corretas, o terreno adequado e inúmeros outros fatores por nós desconhecidos na época, contratamos o Dr. José Matiello, considerado o papa do café no Brasil. Ele nos orientou na construção dos viveiros (22 hectares pediu um viveiro de 150.000 sementes), na alocação das quadras, no desenho do galpão e dos secadores, nas máquinas… e milhões de detalhes.

… e cuidamos…

… e a aparecer…

Ficamos entusiasmados!!

… e no final de 2011 a plantação de café estava pronta!

… e floravam densas, intensas…

… e secado nos nossos secadores a lenha…

… para primeiro seca ao sol…

O projeto foi aprovado pelo banco e em 2008 iniciamos o viveiro enquanto preparávamos o terreno para plantar durante as os meses de chuva em 200.

Em julho de 2009 colocamos todas as mudas no chão!!!

… e cuidamos…

Imediatamente preparamos os novos viveiros para 2011, desta vez com 240.000 mudas para 30 hectares. E usamos uma técnica absolutamente nova por esse tipo de cultura: inseminação em tubos. Assim pudemos concentrar um número bem maior de mudas no mesmo espaço de viveiro (maiores controles da irrigação, menor mão de obra, acompanhamento preciso do crescimento e adubação) e, mais importante, pudemos coloca-las no chão com grande facilidade e rapidez da operação de plantio. Perdemos 3% das mudas e acabamos vendendo o restante para fazendeiros vizinhos. Fui um projeto lindo!

E as colocamos no chão… e cuidamos delas…

… e as plantas cheias de azeitonas no Conilon …

… para chegar ao galpão de beneficiamento…

… trabalhando em um ambiente de 80 graus centigrados…

Todas protegidas do sol… em declívios suaves, perto da mata virgem…

… em todos as quadras disponíveis.
Tivemos muitas perdas, quase 10%, mas como esperávamos isso, acabamos com uma pequena sobra… E aprendemos muito: o próximo ano não teria quase nenhuma perda!!
Imediatamente construímos o galpão de apoio e a oficina para as maquinas…

… cheios de frutos!!

Dá para ter orgulho, não dá?

E assim construímos os galpões e as infraestruturas de beneficiamento!

… e na Arábica e a colheita ficou farta, abundante, grandiosa..

… para estocar os grãos dentro das suas cascas e depois descasca-los para venda…

… como fosse ouro, suado, trabalhado honestamente, amado.
E tudo por um grão de café!!!
Mas como sempre, as coisas boas têm um fim.
Em 2012 a seca chegou… el Ninho… e foi triste.
Tentamos de salvar o que podíamos pois tínhamos muita agua em duas represas grandes, instalamos até bombas de agua e quase 10 Km de canos, mas cedo se tornou evidente el Nino não iria parar e que os custos de manter a plantação dessa forma superariam, e de muito, qualquer eventual retorno.
Tivemos que parar: 20 hectares morreram.
2013-14 foi um ano bom de chuva e a lavoura se recuperou quase completamente. Caminhando entre as plantas, nem dá mais para perceber os dois anos duros que sofreram, mas com tudo isso atrasamos de três anos a poda, processo vital para manter a vitalidade da plantação.

Finalmente, justo depois da colheita desse ano, em 2015, chegou o momento correto para podar profundamente as 86.000 plantas que restaram: as plantas são fortes, adubadas, pulverizadas, limpada de mato, e a primavera está iniciando.

Isso significa que teremos 40% a 50% de produção em 2016, mas em 2017 tornaremos a produzir entre 50 e 60 sacas por hectare.

É luta braba, como dizem nessas partes do mundo, mas que luta linda foi!! E é!!